Odete Soares Rangel
Leiam mais uma das tantas boas matérias escritas por Luis Filipe, desta vez sobre o Líbano. Fiquei com muita vontade de conhecer. A história é interessante! Obrigada Luis Filipe por mais essa importante contribuição histórica e cultural sobre o Líbano para os leitores e turistas.
Luis Filipe Gaspar | 18/02/12 - 18h37
Líbano - O País dos Cedros
A existência de um elevado número de emigrantes libaneses espalhados pelo mundo, com toda a sua diversidade de hábitos e costumes que procuram preservar independentemente do lugar onde se estabelecem, suscitou-nos uma grande curiosidade em conhecer este país. E, assim, partimos à descoberta de um povo rico em história e cultura ancestrais. O que aqui encontrámos não foi um país fustigado por guerras sucessivas, mas sim um país voltado para o futuro, nunca deixando para trás a sua melhor relíquia, o seu tesouro histórico. O Líbano é um estado do Médio Oriente (1943), localizado no extremo leste do Mar Mediterrâneo, fazendo fronteira com a Síria e Israel. Grande parte do país está situado numa região muito montanhosa, facto que permitiu que o país fosse palco de diversas disputas, invasões e guerras. É composto por diversos grupos étnicos e religiosos: muçulmanos (xiitas e sunitas), cristãos (maronitas, ortodoxos, melquitas, assírios, coptas), drusos e alauítas. Na Antiguidade era descrito como o paraíso terrestre, devido às suas imensas florestas de carvalhos, pinheiros, cedros e outras árvores de essências aromáticas. Actualmente, depois de várias décadas de instabilidade política e, apesar de ainda serem visíveis algumas marcas de guerra, o Líbano esforça-se por se afirmar de novo como a Suíça do Mundo Árabe, pelo facto de aqui serem acolhidas as grandes fortunas da região.
A sua capital, Beirute, em tempos considerada “Paris do Médio Oriente”, ainda hoje continua a ser uma cidade muito especial. Com facilidade nos apaixonamos pela cidade antiga, onde a cada passo “tropeçamos” em ruínas e vestígios que nos fazem lembrar toda riqueza do seu passado, como logo de seguida nos fascinamos pela movimentada zona moderna, onde se cruzam jovens e velhos com uma atitude de quem se sente bem na sua pele. No centro, em particular à noite, encontramos uma multidão jovem, fervilhante e muito sofisticada, imprimindo à cidade um toque de grande modernidade. Deixando para trás a capital e percorrendo o país através de uma rede de estradas moderna e em bom estado de conservação, temos a sensação de recuar no tempo. A cada passo deparamos com marcas de várias civilizações, particularmente, fenícia e romana. São exemplo disso as várias cidades e locais muito bem preservados que integram a lista do Património Mundial da UNESCO.
Biblos – considerada uma das cidades mais antigas (5000 A.C.) e a mais antiga do Líbano, está situada a norte de Beirute. As suas ruínas revelam vestígios de sucessivas civilizações, em particular, a fenícia.
Tiro – na Antiguidade foi um importante e próspero centro comercial. Actualmente é uma pequena vila piscatória.
Sídon – aqui encontramos vários castelos do tempo das Cruzadas.
Tripóli – a segunda cidade do Líbano foi fundada pelos Fenícios. Durante Cruzadas foi capital do extinto Condado de Tripóli. Um importante bastião dessa presença é o Castelo de Saint-Gilles.
Baalbek – conhecida pela Cidade do Sol, foi construída no alto de um planalto, no vale de Bekaa, para honrar os Deuses. Para além dos Templos de Vénus e de Baco, destaca-se o Templo de Júpiter, com as suas altas e magníficas colunas de pedra maciça. Embora estas ruínas sejam consideradas um dos mais significativosexemplos da arquitectura do Império Romano, sabe-se que este lugar já anteriormente tinha sido escolhido pelos fenícios para a construção de um templo em honra do deus Baal-Hadad.
Anjar – situada a sul de Baalbek, foi fundada no séc. VIII pelo Califa Walid I. Couma área de cerca de 12 hectares, revela um esquema urbano regular com uma grande reminiscência greco-romana.
A norte, subindo até à zona montanhosa de Bcharré (2000 metros de altitude), encontramos uma riqueza florestal milenar, eleita Património Mundial da UNESCO desde 1998. É constituída por cedros muito belos que podem alcançar até 30 metros de altura. “Os Cedros de Deus”, como também são conhecidos, são remanescentes das extensas florestas que cobriam as cercanias do Monte Líbano, na Antiguidade.
De acordo com os textos sagrados, o rei Salomão utilizou -os na construção do primeiro Templo de Jerusalém.O Cedro do Líbano está representado na bandeira do país, sendo considerado um símbolo nacional.
Ainda na companhia desta paisagem acidentada e abrupta, algo surge que confunde o nosso olhar. Surpreendentemente, temos a visão do Vale Qadisha, também conhecido pelo “Vale Sagrado”, onde encontramos inúmeros mosteiros pertencentes a antigas congregações de monges. É algo imperdível! Superando as expectativas e já refeitos de tudo o que nos foi proporcionado ver e desfrutar, não temos dúvidas em afirmar que uma visita ao Líbano, berço da civilização ocidental, é mergulhar na história e na cultura da Antiguidade. Para além dos tesouros históricos, aqui também estão reunidas as mais apreciadas características dos países do Médio Oriente - um clima ameno, uma culinária de excelência, uma doçaria diversificada e um povo simpático e hospitaleiro. Antigo e moderno, ocidental e oriental, democrático e tribal, conhecido também pelo País dos Cedros, o Líbano é tudo isto e muito mais.
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