sexta-feira, 29 de julho de 2011

Viajando nas letras, na cultura e no espaço

Odete Soares Rangel

Atendendo um pedido do Guilherme, leitor do blog, redigi este texto com certa dificuldade. Sempre que tenho um insight, corro para o notebook e escrevo. Este caso fugiu à regra, assim demorei para criá-lo. Dei-me conta das minhas limitações quando se trata de algo que não vem espontaneamente, mas espero ter atendido a solicitação.

Meu marido Telmo estava em férias e optamos por visitar Fortaleza e Natal. Mas como viajar exige planejamento, contratamos um pacote com a CVC, através da empresa LoveTur. Traslados, hotéis e programação garantidos, era hora de fazer as malas. E lá fomos nós. 
Fortaleza foi fundada em 12 de abril de 1726, e tem muito a oferecer ao turista, embora costumem dizer que ela não é uma cidade histórica, assim não teria tantos atrativos.

Nos hospedamos no excelente Ponta Mar Hotel localizado na avenida beira-mar.

No dia seguinte, iniciamos o City Tour percorrendo a antiga e a nova capital, passando pela Beira Mar, Praia do Futuro, bairro da Aldeota, Mausoléu Castelo Branco, Praia de Iracema, Catedral, Forte de Nsa. Senhora da Assunção, Mercado Central, Centro de Turismo e Centro Cultural Dragão do Mar, com direito a algumas paradas e fotos.

Conhecemos belas praias como Cumbuco, Lagoinha, Prainha, Porto das Dunas na qual está localizado o complexo Turístico do Beach Park. Neste, a infraestrutura possibilita atrações que vão desde curtir a praia ao sol ou sob os coqueirais, quanto divertir-se nos toboáguas INSANO e outros menores, piscinas com ondas e parques temáticos como O mundo Perdido de Atlântida, a Arca de Noé, a Ilha do Tesouro e o Ácqua show do Acqua Park que fazem a alegria dos visitantes. Mas é bom mediar o tempo das atividades, estar lá se exercitando é muito gostoso, se perde a noção do tempo. Minha amiga ficou o dia todo brincando, no dia seguinte ela sentia dores pelo corpo todo, afinal já passamos da idade de cometer exageros.

Visitamos o Museu da cachaça Ypark, antiga usina de cachaça na cidade em que Chico Anísio nasceu. Os passeios de buggy, Pau-de-Arara e Catamarã são divertimentos e emoções assegurados, complementados pelas cantorias e informações históricas ou folclóricas do guia.

Também pudemos apreciar a gastronomia com seus deliciosos pratos de lagostas, camarões, caranguejos, peixes, além de pratos regionais como a carne de sol com baião de dois por exemplo. Os restaurantes Peixada do Meio na Avenida Beira Mar, o Tudo em Cima no Morro de Sta. Terezinha com seu famoso pargo na telha, o La Boéhme com seus pratos regionais são boas pedidas para quem quer comer bem.

Porém se você quiser um restaurante mais simples, então vá ao Osmar, um dos mais tradicionais, porém sem nenhum luxo, fica na subida do Morro Santa Terezinha. Minha diversão se completou com as compras no Mercado Central, na feira de artesanato da beira-mar e no shopping Iguatemi.

Como viajar também é história, a cidade de Natal foi fundada em 25 de dezembro de 1598, pelos portugueses. Ela é chamada de a "Cidade do Sol" ou "Noiva do Sol" e de "Capital Espacial do Brasil", por ser uma das localidades com o maior número de dias de sol no Brasil, e por suas operações da primeira base de foguetes da América do Sul, respectivamente.

Nos hospedamos no Natal Mar Hotel. Como naquele dia o hotel não estava lotado fomos premiados com um "Up grade" e ficamos num apartamento de frente para a piscina e o mar. Uma verdadeira delícia, visão e paz extraordinárias!

A foto acima é da Fortaleza(Forte) dos Reis Magos, assim chamada em virtude de sua construção ter sido iniciada no dia 6 de Janeiro, data que se comemora o dia de Reis. Localizada às margens do Rio Potengi, ela foi construída com cal e óleo de baleia em 1598 pelos portugueses. Ela não só foi a responsável pela proteção da cidade de Natal naquela época, como também, palco de grandes batalhas. O formato de estrela permitia que se abrigasse canhões em suas cinco pontas, assim facilitava defender-se das ameaças que viessem de todas as direções. Hoje, a fortaleza funciona como um museu, onde os turistas têm acesso ao marco do descobrimento do Brasil. Eles também podem conferir os alojamentos, as prisões, os canhões e uma capela com poço de água doce.

Fizemos o City Tour iniciando pela Via Costeira, onde estão localizados os maiores e melhores hotéis da cidade, depois visitamos o Forte dos Reis Magos, marco inicial da história de Natal, e seguimos pelo bairro histórico com suas construções antigas e lojas de artesanatos locais. Partimos para o litoral Sul passando pela Barreira do Inferno – base de lançamento de foguetes brasileiros –, e visitamos o maior cajueiro do mundo na Praia de Pirangi.

Os restaurantes Guinza, Camarões, Sal e Brasa e o Mangai (comida regional) são os eleitos pelos turistas.

Nós não visitamos, mas se você gosta de mergulho, não deixe de conhecer a Praia de Maracajaú, bela enseada de águas transparentes, aquário natural com profundidade que varia entre 1 e 4 metros, na maré baixa. Você vai de lancha para o mergulho nos parrachos (formação de corais).

Você pode ainda visitar a House, com várias opções de diversão num mesmo espaço, e ponto de encontro de gente bonita e turistas de todos os lugares. Ou ir dançar na Taverna Pub Medieval, a balada mais famosa da cidade.

Para quem gosta de forró, há o Forró do Turista que acontece nas quintas-feiras e o Rastapé. Neste particular, sugiro que o turista pesquise a programação local antes de comprar seu pacote. Assim pode programar sua estada no local para as datas em que haverá o evento que pretende desfrutar. Do contrário, perde-se oportunidades, voltar para a casa sem ter realizado um passeio que gostaria é desagradável.

Estava acabando a festa, mas estávamos a apenas 185 Km de João Pessoa, e tínhamos vontade de conhecer um pouco mais e assistir ao Bolero de Ravel na Praia do Jacaré, ao final do dia.


As excursões ocorriam somente nas sextas-feiras, data que já teríamos retornado para a casa, então locamos um carro através da empresa AUTOVIA rent a car (locadora@autoviarentacar.com.br) e seguimos em frente. Foi uma ótima experiência!

Tínhamos apenas um dia para conhecer um pouco dessa cidade que foi fundada em 25 de agosto de 1585, pelos portugueses, mas fizemos valer a pena.

João Pessoa foi fundada no Séc. XVI, é a 3a cidade mais antiga do Brasil. Atualmente, por suas reservas e matas nativas e parques florestais ela é considerada a cidade mais verde das Américas. Cabedelo e o aeroporto são os pontos mais próximos da Europa.

Visitamos a Ponta do  Seixas, ponto mais oriental do Brasil e do continente Americano, localizado no fim da  praia do Cabo Branco. O Farol do Cabo Branco foi construído em 1972.

Após as compras no mercado de artesanato, assistimos ao mais lindo Pôr-do-Sol na Praia do Jacaré, ao som do Bolero de Ravel, uma coisa mágica. Quando a música começa você se arrepia, é muito lindo!

Outro ponto visitado foi a Estação Ciência, Cultura e Artes criada pelo genial Oscar Niemeyer e inaugurada em 2008.
Com uma área aproximada de 8.600 metros quadrados, o projeto Estação Ciência, Cultura e Artes visa promover atividades científicas, artísticas e culturais de João Pessoa.  O complexo é formado por cinco prédios: Torre, Auditório, Ala de serviços, Anfiteatro e Bloco destinado a Administração. 

A torre (mirante) é a atração principal. Na foto você a visualiza constituída de dois pavimentos suspensos apoiados numa base única. Ela reúne uma estação científica, hall de exposições permanentes e temporárias, um restaurante, café e terraço panorâmico. Da torre é possível uma visão panorâmica da  beleza natural do seu entorno, o que encanta os visitantes. No primeiro andar, podemos nos deleitar com obras em pintura, cerâmica, fotografia, gravura e desenho de artistas paraibanos que mantêm as suas raízes vivas.
O auditório com capacidade para 501 pessoas se destina à realização de eventos culturais diversificados. No seu hall de entrada, pode-se admirar o painel "O Reinado do Sol", em óleo sobre tela, com dimensões de 9m X 3m, criado pelo artista plástico paraibano Flávio Tavares, especialmente para esse ambiente. Além de representar através de alegorias, a história da fundação da capital e conquista da Paraíba, o painel é uma riqueza em detalhes culturais e simbologia.

Ao seu lado esquerdo está a praia do Cabo Branco (paraíso, onde o sol nasce), passando pelo Varadouro (reunião de etnias) e,  à direita, o Jacaré (Cabedelo).

No centro do quadro, se observa uma nau atracada dentro da cidade. Teria ela sido comandada por Ariano Suassuna. Ariano Vilar, além de ser um defensor da cultura do Nordeste, é um excelente dramaturgo brasileiro. A sua obra que mais me encanta e o Auto da Compadecida.

Na parte central inferior, há uma mesa com muitos elementos simbolizando a antropofagia, seria uma forma do povo digerir a própria cultura e história.

Na parte superior central do quadro, o artista compôs uma figura feminina, vestida de sol, que representa a criação, e se sobrepõe às demais imagens. O mesmo céu que a sustenta nos primórdios da fundação da cidade, formado por figuras bíblicas do bem e o mal, termina por se fundir bem abaixo, com o contemporâneo Parque Sólon de Lucena. Esse parque é uma das mais belas expressões paisagísticas da capital,  criado pelo paisagista Burle Marx. Os jardins preservam exemplares de pau-d’arco, bambus e palmeiras imperiais que acompanham o desenho do lago central. Vale lembrar que "Uma Mulher Vestida de Sol" foi o nome da primeira peça (tragédia) produzida no Nordeste por Ariano Suassuna. O objetivo era participar de um concurso promovido pelo Teatro do Estudante de Pernambuco, em 1947. Foi classificada em primeiro lugar, e deu início à carreira de autor teatral de Ariano.

O escritor José Lins do Rego teria sido pintado como referência ao desenvolvimento da cana-de-açúcar. Foi ele que deu início ao conhecido Ciclo da Cana-de-Açúcar com sua obra "Menino de Engenho". Em "Usina" ele se debruçou sobre a narrativa descritiva do meio de vida nos engenhos e nas plantações de cana-de-açúcar do Nordeste. Já Augusto dos Anjos (poeta da Espiritualidade) vem resgatar a alma poética do passado. Manuel Caixa D'água (poeta) e a popular e folclórica "Vassoura" (Isabel Bandeira) são outros personagens presentes no painel.

O anfiteatro acomoda 300 pessoas sentadas, ao ar livre, oferece atividades em espaço aberto, com palco, camarim e banheiros.

Os outros dois espaços que compõe o complexo são a ala de serviços e o bloco  destinado a Administração e manutenção do complexo, além do estacionamento.

No jardim, obras de arte ganham um lugar de destaque. A  escultura “Mulher Reclinada III”, do artista plástico pernambucano Abelardo da Hora, foi esculpida em bronze platinado e está localizada entre o prédio administrativo e o anfiteatro.

A  "Mulher de Pernas Dobradas" e a "Mulher a Rede" são outras das suas esculturas que complementam a beleza e a história da Estação.
 

    

Este material nos transporta para um tempo distante, eles caíram em desuso com o advento das novas tecnologias.
Outras curiosidades da Estação...





E assim termina a nossa fascinante viagem pelas letras do que me propus a contar.  Voltamos a Natal e de lá para o aeroporto. Nas malas roupas, nos corações um aperto, saudades do calor, do sol, da tranquilidade, do povo hospitaleiro e alegre, da literatura tão presente no Nordeste, das descobertas...
 
Mas como nada é eterno, aguardaremos a próxima! 

Você pode ainda ver uma belíssima apresentação sobre o Rio Grande do Norte - Natal - em Power Point, editado e formatado por A. Bernal, com o apoio de A.D. Moreira. https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=gmail&attid=0.1&thid=13c344cd90f95d70&mt=application/vnd.ms-powerpoint&url=https://mail.google.com/mail/ca/u/0/?

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